segunda-feira, 31 de agosto de 2009


Provavelmente em busca de novas experiências, meus dois vidros de florais de Bach também foram bebidos no ultimo Sábado. Como se não bastassem as aproximadamente quinze garrafas de lambrusco tomadas e as várias de vinho branco, além da tradicional vodka com energético dos nossos “esquentas”, descobriram meus dois vidrinhos ao lado da máquina de lavar louça inativa ao lado da janela da cozinha e colocaram no lambrusco. Não sei porque, mas deu barato. Percebi a avalanche de pessoas bêbadas invadindo minha cozinha logo depois do bolo destroçado pelo Emílio,já bêbado, que fazia aniversário neste dia, e em vez de cortar o primeiro pedaço e fazer um pedido praticamente esquartejou o bolo. Acho que ficou nervoso pelas cenas calientes protagonizadas por vários bonequinhos de plástico que eu comprei no mercado e usei para decorar o bolo, afinal era aniversário de menino, não de menina. Perdi a vela, devo ter jogado no lixo junto com as sacolas de mercado que geralmente evito, pois sou ecologicamente quase correto, no que diz respeito a sacolinhas de mercado pelo menos, peguei uma vela de Natal da largura de uma de sete dias acendi. Alguém virou lambrusco do lado do meu DVD, o que prontamente limpei usando um pano de prato velho e papel toalha, mas como já estava bêbado precisei de ajuda. Desconfio que teve gente que bebeu Listerine, pois só achei metade da vasilha de um litro e meio ainda restante. Não sei se deu barato, mas que chegaram com um hálito incrível na The Week eu tenho certeza.

Meu amigo Décio foi o bofão da noite. O Emílio, já bêbado, quebrou meu saca-rolhas e daí só um homem de um “metro-e-noventa-e-muitos” pra abrir as garrafas remanescentes á força usando uma faca. O Al….ai o Al…aiaiai o Al….passou lá em casa antes da galera e foi uma delícia, um dos pontos altos da noite. Gostei também de ver o outro Alex, neste caso o dragão,e o Ton, que nunca tinham vindo ao apartamento52 mas eu jurava que sim.

Tiramos várias fotos. Domingo, eu e Emílio, que me visitava pra buscar seus presentes, começamos a vê-las uma à uma, ainda na câmera. Diego, que fazia poses em todas elas roubou a cena e todas eram engraçadíssimas, apesar de ter cismado com meu quadro preferido que segundo ele dava “sono”. Passando meio que rápido por todas elas, tivemos uma surpresa logo depois da foto de uma amiga bem bonita, não “ajeitadinha” e nem “exótica”, bonita mesmo. A próxima, tirada de dentro do meu banheiro, e com a própria câmera do Emílio, mostrava um…órgão reprodutor masculino, mais conhecido como pênis, ou pinto mesmo. Pois é. Ficamos uns três segundos chocados sem entender muito bem o que era aquilo, depois virei o rosto numa crise de riso e ao mesmo tempo sem graça, achando que eu havia acessado algum álbum de fotinhos proibidas do meu amigo, aquelas que todo mundo já tirou um dia pra se auto-analizar e esqueceu na câmera. Não foi o caso, realmente não eram dele, pelo menos ele disse, e estavam bem no meio das fotos da bagunça. Desconfiamos de uma certa pessoa que, se não estou enganado, falava alguma coisa sobre “pinto” e “banheiro”. Eram três fotos, mesmo ângulo, estados diferentes. Não vou explicar.

Todos para a The Week, que estava fantástica, as pessoas também. O som estava incrível. Pra mim não cola mais aquela balela de que em semana anterior á festa famosa não vale a pena sair. Acho que o que rola é o oposto, pois nas tais festas não se consegue nem andar trinta centímetros na pista e muito menos dançar. E vamos combinar que ninguém agüenta uma noite inteira dentro de vip. Nos divertimos horrores e quando me chamaram pra ir embora já eram sete da manhã. Eu nem percebi.

Acabei de assistir á entrevista da Anna WIntour no David Letterman. Um E.T.

De resto, vou trabalhar todos os dias somente á tarde esta semana. Vou dormir pra cacete.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

The Turning Point


The turning point. Devo ter chegado ao ponto. Sabe aquela sensação de que se chegou ao topo e agora começa o declínio, e aquela piadinha sem graça de que se está com problema de junta começa á fazer sentido?
Desde Sexta-Feira estou só o pó. Trabalhei horas a mais todos os dias da semana passada. Fui pra academia a noite e simplesmente não tinha energia, não havia sobrado nada. Cheguei aos quarenta e cinco minutos do segundo tempo, não da vida pois acho que ainda rola uma prorrogação, mas da academia, ou seja, nem os professores estavam com uma cara muito boa. E Ana Carolina não ajuda muito se você é um dos únicos a malhar numa academia deserta numa Sexta á noite e ainda deu mal jeito na lombar. Me arrastei pra um queijos e vinhos na casa de uns amigos, dei risada, voltei pra casa cambaleando e travado. Acordei Sábado e nem conseguia levantar da cama. A genética é realmente engraçada. Todo ano no inverno vejo meu pai na mesma situação. Acho que chegou minha vez...

Tenho medo da natureza. Nem sempre foi assim, já participei de caminhadas na Serra do Mar, tomei banho de cachoeira. Mas hoje, a mata fechada e seus bichos me dão calafrio. Pra mim, natureza é caos, e quanto mais se distancia dela, menos bem vindos somos á esta atmosfera caótica. Aquele crescimento desordenado, a lei do mais forte sobre o mais fraco, tudo isto me deixa tonto. Em algum momento nos distanciamos disto, o que eu acho bom. Acredito que fazemos parte deste caos também, ele está dentro de nós inclusive, e existe uma linha muito tênue entre o equilíbrio a nossa total desordem, nosso estado mais primário, grotesco. Já tive a impressão de que nossa meta deveria ser uma aproximação maior com ela, a Natureza, e que nossa infelicidade estaria em tentar ordenar o que não é “ordenável”. Hoje me questiono. Isto nos daria paz intelectual pois o instinto reinaria, porém poucos de nós sobreviveriam, aposto. Eu mesmo, neste turning point seria devorado por algum bicho mais fortinho fácil fácil.
Por isto é que tiro mais uma vez o chapéu pro Lars Von Trier. Sábado fui á pré-estréia do “AntiChristo” com dois melhores amigos, Cícera e Emilio, e tentei arrastar o terceiro, Danilo, dizendo que havia comprado os ingressos pra assistirmos a pré-estréia de um drama chamado “Christo”, o que não colou pois ele só apareceu no fim da sessão e ficou me esperando do lado de fora, ou seja, tive de devolver o ingresso. Ele odeia filmes de terror. Em uma ocasião praticamente o obriguei a assistir um suspense em casa, foi uma cena só. Ele grita, esperneia, dá “pitti”. No filme, um casal, uma escritora e um psicanalista, perdem o filho. Em uma espécie de tratamento de choque, o marido tenta salvar sua esposa e a leva a enfrentar seus medos mais primários, cara a cara, durante uma estadia forçada no “Éden”, o sítio onde fica a casa da família no meio de uma floresta inóspita onde só se chega depois de uma longa caminhada, e não pense que estou estragando o filme pois isto consta na sinopse e é só o começo da desgraça toda. Assim como em Dogville e em Manderlay, nos quais pouco a pouco nosso lado mais “humano” vai se mostrando e impera a lei do mais forte, seja esta força física ou não, no Éden, no meio daquele mato todo, não poderia ser diferente. O diretor conseguiu exemplificar o que sempre achei da natureza, a com N maiúsculo e chamada de mãe, e a nossa natureza mesmo, e com um toque de sadismo que acho que faz parte das duas. A experiencia foi punk, até mesmo porque eu já estava um pouco zonzo do falatório da peça que tinha acabado de ver, que se passava dentro de um bar e ninguém parava de falar, A Falecida Vapt-Vupt, do Antunes Filho. Terminamos a noite na Lanchonete da Cidade contando histórias de terror e de sonhos esquisitos. A Cícera foi lá pra casa e conversamos primeiro na cozinha, comendo pão doce, e depois na cama, mas sem sexo.

Travado, passei o Domingo no sofá. Olhava pra fora da minha janela grande da sala e via aquela garoa ininterrupta, própria pra um filminho e comidinhas. Comecei a tarde com dois sanduíches com mortadela, peito de perú e queijo cheddar, tudo misturado, uma bomba. Assisti Milk, que não esperava ser muito bom mas fiquei surpreso. Chorei. Tive vontade de ser militante, mudar tudo, até que fiquei com fome de novo e esqueci tudo. Comi mais dois sanduíches. Mais gordo e ainda carente, deu uma saudade do Al....ai o Al....aiaiai o Al....então passei torpedinhos e dormi. Sem resposta, depois de um tempo liguei. Ele foi lá em casa, assistimos um pouco de televisão, juntos. Eu não queria mais nada. Mas durou pouco, e eu insisti acompanhá-los pra casa pra ficarmos juntos mais um pouco. Passei um frio danado, mas valeu. Subimos e conversamos mais uma meia hora á meia luz.

De resto, vou tentando dar um jeito na minha vida. E já que não fiz nada no fim de semana e fiquei quebrado do mesmo jeito, o próximo que me aguarde.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Talvez meu estado mais equilibrado seja um zero total, uma falta do que fazer. Sem graça, insosso, porque no fundo no fundo meus melhores pequenos prazeres são sempre pequenos vícios, e aparentemente é assim que eu gosto mais. Comecei um novo esta madrugada quando li uma matéria sobre sites preferidos de uns outros blogueiros, famosos aliás, bem talentosos. Um deles falava do 99Blocks, um joguinho filho da mãe onde se tenta empilhar os noventa e nove blocos disformes com o intuito de construir a maior torre possível e bater os recordes online. Claro que passei as próximas duas horas tentando, enquanto conversava sobre a vida, instituições falidas, Gustav Klimt e manicures de Nova Iorque com meu amigo Flavio.

Me sinto bem na madrugada. Mesmo com o sono batendo, ou melhor, o cansaço, pois o sono some, fico elétrico e pau pra toda obra depois da meia-noite, mas não bebo sangue e nem durmo em caixão. O apartamento52 parece mais aconchegante, o mundo parece só meu. Ontém, até uma e meia da madrugada minha casa estava cheia. Mãe, sobrinha, irmão, vizinha e filha da vizinha, que da última vez que vi era bebê e quase matou todo mundo do coração engasgada. Minha sobrinha insistindo pra comer pipoca, me pedindo pra não falar pra ninguém, era só pra ela. Tudo bem, eu estava com medo de servir a filha da vizinha, de qualquer maneira. É de madrugada que mais me dá fome também, e quando bate o desespero vale o que tiver na geladeira, em qualquer combinação possível. O Flavio ontem comentava que estava comendo pudim durante o chat, eu tive de me virar com leite Ninho e Nescau, misturadinho com um pingo de leite integral pra virar uma papinha. Fui dormir ás cinco da manhã e já tinha comido, além da papinha, pão com peito de peru, vários copos de leite e salsicha.

Faz meses, na verdade mais de um ano, logo após a saída do Al...ai o Al...aiaiai o Al....como eu gosto do Al... do hospital, depois do acidente de moto, que comecei a me sentir estranho. Tenho uma sensação constante de tontura, não consigo focar o olhar muito bem, e uma pressão esquisitíssima na cabeça. Pra falar a verdade já achei que estava batendo as botas, mas como já se passou um bom tempo, não acho que seja a curto prazo, afinal, todos os meus exames dão sempre ok, ou seja, "tecnicamente" não tenho nada e se tudo der certo só a longo prazo mesmo é que eu desligo. Mas, estou um pouco(!) irritado com tudo isto. Não que eu queira achar algo de errado, mas acho impossível nenhum médico achar nada por outro lado. Já me disseram que é ansiedade...sou ansioso, mas conheço gente muuuuito mais ansiosa do que eu. Bom, vou levando, e já estou pensando em consultar curandeiro e pai-de-santo. Não podia deixar de comentar pois escrevo agora bem tonto, aliás. Gente burra também me dá tontura, e tenho lidado com várias, mas esta tontura esta além do normal.

Hoje li num blog gongo pra fashionistas descompensados (adooooro!) que tem uma modinha "peitinhos de fora" rolando nas buatchs descoladas da moda. Tinha inclusive umas fotos com uns peitchos no mínimo estranhos saindo das camisetas regatas. Me questiono porque os mesmo fashionistas, que aliás conheço vários e adooooro(!), sempre questionam as Barbies que tiram a camisa na noite, sendo que eles próprios já começam a mostrar seus corpos desnudos? Pura dor de cotovelo, tá comprovado. Rarará! Lembrei aliás que meu amigo Lucas perdeu a camisa na The Week no último Sábado, achei engraçadíssimo. Dêem uma olhada no www.tinyurl.com/hcafona que as fotos valem a pena.

De resto, tô tentando dar um jeito na minha vida.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Olhei pro celular em cima do travesseiro ao meu lado. Quase um namorado, não fosse a foto da minha chefe mostrando a língua, tirada quase um ano atrás pro contato da minha agenda, piscando desesperadamente e aquele alarme maldito que quase me matou do coração. Tem muita gente que iria gostar, tem todo um papo que deve ser o máximo morrer dormindo, mas no meu caso, não quero morrer, nem dormindo, muito menos acordando, e nem assustado com o celular numa Segunda de manhã. Eu nasci num Domingo, não quero morrer em dia de semana. Aliás, como disse, não quero morrer, at all. Dormi com o mp3 ligado escutando Robyn, recomendo muito, e por isto o som alto. Sem maldade, mas o sono estava tão pesado que quando olhei pra minha chefe primeiro não entendi, fiquei uns cinco segundos olhando. Minha chefe, língua de fora, minha casa, eu de pijama, não, as coisas não estavam se encaixando, quase o The Twilight Zone. Resumo da ópera, tomei banho em cinco minutos e em dez estava no escritório. Emergências da aviação. Aliás, falando em aviação, um passageiro hoje me perguntou hoje qual garantia eu dava de que o cinto de segurança á bordo não machucaria a barriga da sua mulher em caso de turbulência(?). Não sei o tamanho da barriga, me limitei a responder que o cinto deve ficar um pouco mais abaixo da mesma, ali mesmo onde geralmente as pessoas usam cintos, com exceção do Faustão, daí o nome, e cá entre nós, garantia não se tem nem de que vai acordar, idéia que eu já disse algumas pessoas adoram.

Ontém comi bolinhos de arroz no Ritz. Minha amiga voltou de viagem e tinha muito o que contar de Paris, Lyon, Egito, e dei graças á Deus, se é que ele existe, por ela estar de volta sã e salva e não picadinha dentro de uma mala. Sempre que alguém some e não dá sinal de vida vem umas bizarrices na cabeça, mas eu sei que ela sempre se sai bem.

Jurava que durante o fim de semana levaria uma vidinha calma. Fantasiei a semana inteira eu sentado no sofá, o céu cinza, edredon, pipoca e chocolate quente em vários turnos. O Al...ah o Al...aiaiai o Al...sentado ao meu lado, aliás, enrolado ao meu lado e um filme bem denso passando. Não consegui. Quando vi já estava saindo do banho no Sábado á noite e meus amigos preparando os drinks na sala, um amigo do teatro que é de São Leopoldo e tem vinte e dois anos sendo levado pro lado negro da força e arrastado pra The Week. Tentei embebedá-lo, acho que ele se divertiria um pouco mais, mas ele é mais controlado que eu. Tomei os meus em copos gigantes da Coca, coisa fina, fiquei bem alegre, rimos bastante. De qualquer maneira deve ter aproveitado bem a noite pois o som estava ótimo.

Quanto mais penso, mais me deprimo. É sério. Acabei de assistir A Questão Humana, depois de umas sete tentativas frustradas. O filme é incrível, de início causa um certo estranhamento, pois é totalmente sensorial, daí meu sono constante nas primeiras tentativas, se é que sete podem ser consideradas "primeiras" tentativas. Um executivo é solicitado á acompanhar o dia-a-dia de um de seus superiores, investigar o porque de suas atitudes "estranhas" nos últimos tempos. Não vou contar o filme, é claro, pois tenho uns dois amigos que adoram fazer isto e tenho vontade de picá-los e colocá-los dentro de uma mala. Mas posso falar que o filme mostra o processo do qual fazemos parte, triste, este contexto histórico que não sei quando começou, talvez com a industrialização, onde começamos á falar uma outra língua que não a nossa, a língua que se fala na empresa, no marketing, que se sobrepõe á nós e nos torna nada mais do que produtos dentro de uma grande "coisa" organizada, não-orgânica, fria, morta e definida, absoluta por definição. Nos extras do DVD a roteirista e o diretor falam tudo isto. Não é a língua dos poemas, dos sofrimentos de amor, dos sonhos, do caos perfeito que somos, e nos faz lembrar de quantas vidas já sofreram isto em um grau mais extremo, quantos já foram sacrificados, enquanto produtos que eram considerados, na tentativa de um tal aperfeiçoamento em que já se acreditou e cada vez se acredita mais. Bom, chorei. Mesmo, de uma maneira muito sentida. Recomendo, porque não acho que é só de oba-oba que se vive, há de se rir e chorar, se questionar e compartilhar, e é bom rir com a consciência de que estamos rindo por sermos inteligentes e privilegiados e podemos tirar sarro de nós mesmos e com gosto. É muito mais saboroso.