segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Olhei pro celular em cima do travesseiro ao meu lado. Quase um namorado, não fosse a foto da minha chefe mostrando a língua, tirada quase um ano atrás pro contato da minha agenda, piscando desesperadamente e aquele alarme maldito que quase me matou do coração. Tem muita gente que iria gostar, tem todo um papo que deve ser o máximo morrer dormindo, mas no meu caso, não quero morrer, nem dormindo, muito menos acordando, e nem assustado com o celular numa Segunda de manhã. Eu nasci num Domingo, não quero morrer em dia de semana. Aliás, como disse, não quero morrer, at all. Dormi com o mp3 ligado escutando Robyn, recomendo muito, e por isto o som alto. Sem maldade, mas o sono estava tão pesado que quando olhei pra minha chefe primeiro não entendi, fiquei uns cinco segundos olhando. Minha chefe, língua de fora, minha casa, eu de pijama, não, as coisas não estavam se encaixando, quase o The Twilight Zone. Resumo da ópera, tomei banho em cinco minutos e em dez estava no escritório. Emergências da aviação. Aliás, falando em aviação, um passageiro hoje me perguntou hoje qual garantia eu dava de que o cinto de segurança á bordo não machucaria a barriga da sua mulher em caso de turbulência(?). Não sei o tamanho da barriga, me limitei a responder que o cinto deve ficar um pouco mais abaixo da mesma, ali mesmo onde geralmente as pessoas usam cintos, com exceção do Faustão, daí o nome, e cá entre nós, garantia não se tem nem de que vai acordar, idéia que eu já disse algumas pessoas adoram.

Ontém comi bolinhos de arroz no Ritz. Minha amiga voltou de viagem e tinha muito o que contar de Paris, Lyon, Egito, e dei graças á Deus, se é que ele existe, por ela estar de volta sã e salva e não picadinha dentro de uma mala. Sempre que alguém some e não dá sinal de vida vem umas bizarrices na cabeça, mas eu sei que ela sempre se sai bem.

Jurava que durante o fim de semana levaria uma vidinha calma. Fantasiei a semana inteira eu sentado no sofá, o céu cinza, edredon, pipoca e chocolate quente em vários turnos. O Al...ah o Al...aiaiai o Al...sentado ao meu lado, aliás, enrolado ao meu lado e um filme bem denso passando. Não consegui. Quando vi já estava saindo do banho no Sábado á noite e meus amigos preparando os drinks na sala, um amigo do teatro que é de São Leopoldo e tem vinte e dois anos sendo levado pro lado negro da força e arrastado pra The Week. Tentei embebedá-lo, acho que ele se divertiria um pouco mais, mas ele é mais controlado que eu. Tomei os meus em copos gigantes da Coca, coisa fina, fiquei bem alegre, rimos bastante. De qualquer maneira deve ter aproveitado bem a noite pois o som estava ótimo.

Quanto mais penso, mais me deprimo. É sério. Acabei de assistir A Questão Humana, depois de umas sete tentativas frustradas. O filme é incrível, de início causa um certo estranhamento, pois é totalmente sensorial, daí meu sono constante nas primeiras tentativas, se é que sete podem ser consideradas "primeiras" tentativas. Um executivo é solicitado á acompanhar o dia-a-dia de um de seus superiores, investigar o porque de suas atitudes "estranhas" nos últimos tempos. Não vou contar o filme, é claro, pois tenho uns dois amigos que adoram fazer isto e tenho vontade de picá-los e colocá-los dentro de uma mala. Mas posso falar que o filme mostra o processo do qual fazemos parte, triste, este contexto histórico que não sei quando começou, talvez com a industrialização, onde começamos á falar uma outra língua que não a nossa, a língua que se fala na empresa, no marketing, que se sobrepõe á nós e nos torna nada mais do que produtos dentro de uma grande "coisa" organizada, não-orgânica, fria, morta e definida, absoluta por definição. Nos extras do DVD a roteirista e o diretor falam tudo isto. Não é a língua dos poemas, dos sofrimentos de amor, dos sonhos, do caos perfeito que somos, e nos faz lembrar de quantas vidas já sofreram isto em um grau mais extremo, quantos já foram sacrificados, enquanto produtos que eram considerados, na tentativa de um tal aperfeiçoamento em que já se acreditou e cada vez se acredita mais. Bom, chorei. Mesmo, de uma maneira muito sentida. Recomendo, porque não acho que é só de oba-oba que se vive, há de se rir e chorar, se questionar e compartilhar, e é bom rir com a consciência de que estamos rindo por sermos inteligentes e privilegiados e podemos tirar sarro de nós mesmos e com gosto. É muito mais saboroso.







4 comentários:

Anônimo disse...

depois do que li aqui, fiquei curioso para ver o filme! valeu pela indicação!

Rubian Calixto disse...

cara, conheci seu blog pelo twitter, nem lembro como cheguei até aqui, contudo, depois que conheci, sempre visito.
Legal o que você escreve.
Gostei da dica do filme também, espero encontrá-lo.

abraço

Anônimo disse...

olha,encontrei seu blog.atraves do meu irmao,gostei bastante..soh naun entendi ainda pq vc esta tao obcecado por picar pessoas e coloca-las na mala..rs,sem brincadera vc escreve mto bem..!

Anônimo disse...

Rodrigo,gosto da maneira que descreve situaçoes e narras seus textos,sempre tem um humorzinho bem dosado..!