segunda-feira, 24 de agosto de 2009

The Turning Point


The turning point. Devo ter chegado ao ponto. Sabe aquela sensação de que se chegou ao topo e agora começa o declínio, e aquela piadinha sem graça de que se está com problema de junta começa á fazer sentido?
Desde Sexta-Feira estou só o pó. Trabalhei horas a mais todos os dias da semana passada. Fui pra academia a noite e simplesmente não tinha energia, não havia sobrado nada. Cheguei aos quarenta e cinco minutos do segundo tempo, não da vida pois acho que ainda rola uma prorrogação, mas da academia, ou seja, nem os professores estavam com uma cara muito boa. E Ana Carolina não ajuda muito se você é um dos únicos a malhar numa academia deserta numa Sexta á noite e ainda deu mal jeito na lombar. Me arrastei pra um queijos e vinhos na casa de uns amigos, dei risada, voltei pra casa cambaleando e travado. Acordei Sábado e nem conseguia levantar da cama. A genética é realmente engraçada. Todo ano no inverno vejo meu pai na mesma situação. Acho que chegou minha vez...

Tenho medo da natureza. Nem sempre foi assim, já participei de caminhadas na Serra do Mar, tomei banho de cachoeira. Mas hoje, a mata fechada e seus bichos me dão calafrio. Pra mim, natureza é caos, e quanto mais se distancia dela, menos bem vindos somos á esta atmosfera caótica. Aquele crescimento desordenado, a lei do mais forte sobre o mais fraco, tudo isto me deixa tonto. Em algum momento nos distanciamos disto, o que eu acho bom. Acredito que fazemos parte deste caos também, ele está dentro de nós inclusive, e existe uma linha muito tênue entre o equilíbrio a nossa total desordem, nosso estado mais primário, grotesco. Já tive a impressão de que nossa meta deveria ser uma aproximação maior com ela, a Natureza, e que nossa infelicidade estaria em tentar ordenar o que não é “ordenável”. Hoje me questiono. Isto nos daria paz intelectual pois o instinto reinaria, porém poucos de nós sobreviveriam, aposto. Eu mesmo, neste turning point seria devorado por algum bicho mais fortinho fácil fácil.
Por isto é que tiro mais uma vez o chapéu pro Lars Von Trier. Sábado fui á pré-estréia do “AntiChristo” com dois melhores amigos, Cícera e Emilio, e tentei arrastar o terceiro, Danilo, dizendo que havia comprado os ingressos pra assistirmos a pré-estréia de um drama chamado “Christo”, o que não colou pois ele só apareceu no fim da sessão e ficou me esperando do lado de fora, ou seja, tive de devolver o ingresso. Ele odeia filmes de terror. Em uma ocasião praticamente o obriguei a assistir um suspense em casa, foi uma cena só. Ele grita, esperneia, dá “pitti”. No filme, um casal, uma escritora e um psicanalista, perdem o filho. Em uma espécie de tratamento de choque, o marido tenta salvar sua esposa e a leva a enfrentar seus medos mais primários, cara a cara, durante uma estadia forçada no “Éden”, o sítio onde fica a casa da família no meio de uma floresta inóspita onde só se chega depois de uma longa caminhada, e não pense que estou estragando o filme pois isto consta na sinopse e é só o começo da desgraça toda. Assim como em Dogville e em Manderlay, nos quais pouco a pouco nosso lado mais “humano” vai se mostrando e impera a lei do mais forte, seja esta força física ou não, no Éden, no meio daquele mato todo, não poderia ser diferente. O diretor conseguiu exemplificar o que sempre achei da natureza, a com N maiúsculo e chamada de mãe, e a nossa natureza mesmo, e com um toque de sadismo que acho que faz parte das duas. A experiencia foi punk, até mesmo porque eu já estava um pouco zonzo do falatório da peça que tinha acabado de ver, que se passava dentro de um bar e ninguém parava de falar, A Falecida Vapt-Vupt, do Antunes Filho. Terminamos a noite na Lanchonete da Cidade contando histórias de terror e de sonhos esquisitos. A Cícera foi lá pra casa e conversamos primeiro na cozinha, comendo pão doce, e depois na cama, mas sem sexo.

Travado, passei o Domingo no sofá. Olhava pra fora da minha janela grande da sala e via aquela garoa ininterrupta, própria pra um filminho e comidinhas. Comecei a tarde com dois sanduíches com mortadela, peito de perú e queijo cheddar, tudo misturado, uma bomba. Assisti Milk, que não esperava ser muito bom mas fiquei surpreso. Chorei. Tive vontade de ser militante, mudar tudo, até que fiquei com fome de novo e esqueci tudo. Comi mais dois sanduíches. Mais gordo e ainda carente, deu uma saudade do Al....ai o Al....aiaiai o Al....então passei torpedinhos e dormi. Sem resposta, depois de um tempo liguei. Ele foi lá em casa, assistimos um pouco de televisão, juntos. Eu não queria mais nada. Mas durou pouco, e eu insisti acompanhá-los pra casa pra ficarmos juntos mais um pouco. Passei um frio danado, mas valeu. Subimos e conversamos mais uma meia hora á meia luz.

De resto, vou tentando dar um jeito na minha vida. E já que não fiz nada no fim de semana e fiquei quebrado do mesmo jeito, o próximo que me aguarde.

2 comentários:

Rubian Calixto disse...

ah, que nada... um final de semana sossegado também é interessante, ora!
esses dias também fui ver um filme de terror, um tal "arraste-me para o inferno". Bem bestinha. Enfim, a ideia de ser militante, ainda tá de pé? rsrs.

abraço

blogsempre! :D

Rodrigo disse...

“Tenho medo da natureza.” Q isso meu amigo!! A natureza é nosso total equilíbrio.
vou te convidar pra trilhas q ando fazendo, logo vc muda de idéia rsrsrsrs

Tb vi o AntiChristo..chocante! realmente um “torture porn” hahahaha