domingo, 22 de novembro de 2009
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Outra memória de viagem.
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
Com a bochecha direita encostada no balcão do bar, sentia meu corpo inteiro formigando. Horas antes, andando pela cidade com um grupo de espanhóis, entrei no Banco do Brasil pra acompanhar uma conhecida brasileira a tirar dinheiro. Lá dentro, uma figura vestida com saia e blusa indianas, coloridas, cabelo todo encaracolado e avermelhado conversava, alucinadamente, com a caixa do banco vazio, reclamava que sentia saudades do Brasil e dos brasileiros, que não aguentava mais e precisava falar português de qualquer maneira. Olhou pro meu lado, e como tenho imã pra gente doida lá veio ela com seu sotaque nortista, acolhedor, desanuviando os ouvidos da pobre caixa-terapeuta-brasileira-que-mora-em-Amsterda. Deu graças á Deus de ver um brasileiro. Comecei a conversar, ela era interessante e tinha presença de espírito, era bem engraçada. Saímos juntos do banco, nos juntamos ao grupo de espanhóis novamente e fomos andar. Não muito tempo depois, já éramos unha e carne! Por idéia dela, demos um perdido no grupo e sentamos em um bar todo decorado com motivos psicodélicos, todos lá sentados em círculo, no chão, olhando uns para os outros, chapados. Avisei que nunca tinha fumado a mardita. Peguei o cardápio e escolhi a jamaicana, tinha jeito de ser boa e me lembrava praia. Começamos á conversar sobre o Brasil, sobre as praias maravilhosas em contraste daquele dia frio, do seu marido paraguaio que era artista plástico, dos seus dois filhos e seus nomes excêntricos, e eu ria, ria, e dizia estar frustrado porque nada estava acontecendo e que aquele treco não dava barato, uma enganação. Saíndo de lá, andava pelas ruas e até o asfalto eu achava bonito.
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
terça-feira, 27 de outubro de 2009
domingo, 4 de outubro de 2009
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
Provavelmente em busca de novas experiências, meus dois vidros de florais de Bach também foram bebidos no ultimo Sábado. Como se não bastassem as aproximadamente quinze garrafas de lambrusco tomadas e as várias de vinho branco, além da tradicional vodka com energético dos nossos “esquentas”, descobriram meus dois vidrinhos ao lado da máquina de lavar louça inativa ao lado da janela da cozinha e colocaram no lambrusco. Não sei porque, mas deu barato. Percebi a avalanche de pessoas bêbadas invadindo minha cozinha logo depois do bolo destroçado pelo Emílio,já bêbado, que fazia aniversário neste dia, e em vez de cortar o primeiro pedaço e fazer um pedido praticamente esquartejou o bolo. Acho que ficou nervoso pelas cenas calientes protagonizadas por vários bonequinhos de plástico que eu comprei no mercado e usei para decorar o bolo, afinal era aniversário de menino, não de menina. Perdi a vela, devo ter jogado no lixo junto com as sacolas de mercado que geralmente evito, pois sou ecologicamente quase correto, no que diz respeito a sacolinhas de mercado pelo menos, peguei uma vela de Natal da largura de uma de sete dias acendi. Alguém virou lambrusco do lado do meu DVD, o que prontamente limpei usando um pano de prato velho e papel toalha, mas como já estava bêbado precisei de ajuda. Desconfio que teve gente que bebeu Listerine, pois só achei metade da vasilha de um litro e meio ainda restante. Não sei se deu barato, mas que chegaram com um hálito incrível na The Week eu tenho certeza.
Meu amigo Décio foi o bofão da noite. O Emílio, já bêbado, quebrou meu saca-rolhas e daí só um homem de um “metro-e-noventa-e-muitos” pra abrir as garrafas remanescentes á força usando uma faca. O Al….ai o Al…aiaiai o Al….passou lá em casa antes da galera e foi uma delícia, um dos pontos altos da noite. Gostei também de ver o outro Alex, neste caso o dragão,e o Ton, que nunca tinham vindo ao apartamento52 mas eu jurava que sim.
Tiramos várias fotos. Domingo, eu e Emílio, que me visitava pra buscar seus presentes, começamos a vê-las uma à uma, ainda na câmera. Diego, que fazia poses em todas elas roubou a cena e todas eram engraçadíssimas, apesar de ter cismado com meu quadro preferido que segundo ele dava “sono”. Passando meio que rápido por todas elas, tivemos uma surpresa logo depois da foto de uma amiga bem bonita, não “ajeitadinha” e nem “exótica”, bonita mesmo. A próxima, tirada de dentro do meu banheiro, e com a própria câmera do Emílio, mostrava um…órgão reprodutor masculino, mais conhecido como pênis, ou pinto mesmo. Pois é. Ficamos uns três segundos chocados sem entender muito bem o que era aquilo, depois virei o rosto numa crise de riso e ao mesmo tempo sem graça, achando que eu havia acessado algum álbum de fotinhos proibidas do meu amigo, aquelas que todo mundo já tirou um dia pra se auto-analizar e esqueceu na câmera. Não foi o caso, realmente não eram dele, pelo menos ele disse, e estavam bem no meio das fotos da bagunça. Desconfiamos de uma certa pessoa que, se não estou enganado, falava alguma coisa sobre “pinto” e “banheiro”. Eram três fotos, mesmo ângulo, estados diferentes. Não vou explicar.
Todos para a The Week, que estava fantástica, as pessoas também. O som estava incrível. Pra mim não cola mais aquela balela de que em semana anterior á festa famosa não vale a pena sair. Acho que o que rola é o oposto, pois nas tais festas não se consegue nem andar trinta centímetros na pista e muito menos dançar. E vamos combinar que ninguém agüenta uma noite inteira dentro de vip. Nos divertimos horrores e quando me chamaram pra ir embora já eram sete da manhã. Eu nem percebi.
Acabei de assistir á entrevista da Anna WIntour no David Letterman. Um E.T.
De resto, vou trabalhar todos os dias somente á tarde esta semana. Vou dormir pra cacete.
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
The Turning Point
Desde Sexta-Feira estou só o pó. Trabalhei horas a mais todos os dias da semana passada. Fui pra academia a noite e simplesmente não tinha energia, não havia sobrado nada. Cheguei aos quarenta e cinco minutos do segundo tempo, não da vida pois acho que ainda rola uma prorrogação, mas da academia, ou seja, nem os professores estavam com uma cara muito boa. E Ana Carolina não ajuda muito se você é um dos únicos a malhar numa academia deserta numa Sexta á noite e ainda deu mal jeito na lombar. Me arrastei pra um queijos e vinhos na casa de uns amigos, dei risada, voltei pra casa cambaleando e travado. Acordei Sábado e nem conseguia levantar da cama. A genética é realmente engraçada. Todo ano no inverno vejo meu pai na mesma situação. Acho que chegou minha vez...
Tenho medo da natureza. Nem sempre foi assim, já participei de caminhadas na Serra do Mar, tomei banho de cachoeira. Mas hoje, a mata fechada e seus bichos me dão calafrio. Pra mim, natureza é caos, e quanto mais se distancia dela, menos bem vindos somos á esta atmosfera caótica. Aquele crescimento desordenado, a lei do mais forte sobre o mais fraco, tudo isto me deixa tonto. Em algum momento nos distanciamos disto, o que eu acho bom. Acredito que fazemos parte deste caos também, ele está dentro de nós inclusive, e existe uma linha muito tênue entre o equilíbrio a nossa total desordem, nosso estado mais primário, grotesco. Já tive a impressão de que nossa meta deveria ser uma aproximação maior com ela, a Natureza, e que nossa infelicidade estaria em tentar ordenar o que não é “ordenável”. Hoje me questiono. Isto nos daria paz intelectual pois o instinto reinaria, porém poucos de nós sobreviveriam, aposto. Eu mesmo, neste turning point seria devorado por algum bicho mais fortinho fácil fácil.
Por isto é que tiro mais uma vez o chapéu pro Lars Von Trier. Sábado fui á pré-estréia do “AntiChristo” com dois melhores amigos, Cícera e Emilio, e tentei arrastar o terceiro, Danilo, dizendo que havia comprado os ingressos pra assistirmos a pré-estréia de um drama chamado “Christo”, o que não colou pois ele só apareceu no fim da sessão e ficou me esperando do lado de fora, ou seja, tive de devolver o ingresso. Ele odeia filmes de terror. Em uma ocasião praticamente o obriguei a assistir um suspense em casa, foi uma cena só. Ele grita, esperneia, dá “pitti”. No filme, um casal, uma escritora e um psicanalista, perdem o filho. Em uma espécie de tratamento de choque, o marido tenta salvar sua esposa e a leva a enfrentar seus medos mais primários, cara a cara, durante uma estadia forçada no “Éden”, o sítio onde fica a casa da família no meio de uma floresta inóspita onde só se chega depois de uma longa caminhada, e não pense que estou estragando o filme pois isto consta na sinopse e é só o começo da desgraça toda. Assim como em Dogville e em Manderlay, nos quais pouco a pouco nosso lado mais “humano” vai se mostrando e impera a lei do mais forte, seja esta força física ou não, no Éden, no meio daquele mato todo, não poderia ser diferente. O diretor conseguiu exemplificar o que sempre achei da natureza, a com N maiúsculo e chamada de mãe, e a nossa natureza mesmo, e com um toque de sadismo que acho que faz parte das duas. A experiencia foi punk, até mesmo porque eu já estava um pouco zonzo do falatório da peça que tinha acabado de ver, que se passava dentro de um bar e ninguém parava de falar, A Falecida Vapt-Vupt, do Antunes Filho. Terminamos a noite na Lanchonete da Cidade contando histórias de terror e de sonhos esquisitos. A Cícera foi lá pra casa e conversamos primeiro na cozinha, comendo pão doce, e depois na cama, mas sem sexo.
Travado, passei o Domingo no sofá. Olhava pra fora da minha janela grande da sala e via aquela garoa ininterrupta, própria pra um filminho e comidinhas. Comecei a tarde com dois sanduíches com mortadela, peito de perú e queijo cheddar, tudo misturado, uma bomba. Assisti Milk, que não esperava ser muito bom mas fiquei surpreso. Chorei. Tive vontade de ser militante, mudar tudo, até que fiquei com fome de novo e esqueci tudo. Comi mais dois sanduíches. Mais gordo e ainda carente, deu uma saudade do Al....ai o Al....aiaiai o Al....então passei torpedinhos e dormi. Sem resposta, depois de um tempo liguei. Ele foi lá em casa, assistimos um pouco de televisão, juntos. Eu não queria mais nada. Mas durou pouco, e eu insisti acompanhá-los pra casa pra ficarmos juntos mais um pouco. Passei um frio danado, mas valeu. Subimos e conversamos mais uma meia hora á meia luz.
De resto, vou tentando dar um jeito na minha vida. E já que não fiz nada no fim de semana e fiquei quebrado do mesmo jeito, o próximo que me aguarde.
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
Me sinto bem na madrugada. Mesmo com o sono batendo, ou melhor, o cansaço, pois o sono some, fico elétrico e pau pra toda obra depois da meia-noite, mas não bebo sangue e nem durmo em caixão. O apartamento52 parece mais aconchegante, o mundo parece só meu. Ontém, até uma e meia da madrugada minha casa estava cheia. Mãe, sobrinha, irmão, vizinha e filha da vizinha, que da última vez que vi era bebê e quase matou todo mundo do coração engasgada. Minha sobrinha insistindo pra comer pipoca, me pedindo pra não falar pra ninguém, era só pra ela. Tudo bem, eu estava com medo de servir a filha da vizinha, de qualquer maneira. É de madrugada que mais me dá fome também, e quando bate o desespero vale o que tiver na geladeira, em qualquer combinação possível. O Flavio ontem comentava que estava comendo pudim durante o chat, eu tive de me virar com leite Ninho e Nescau, misturadinho com um pingo de leite integral pra virar uma papinha. Fui dormir ás cinco da manhã e já tinha comido, além da papinha, pão com peito de peru, vários copos de leite e salsicha.
Faz meses, na verdade mais de um ano, logo após a saída do Al...ai o Al...aiaiai o Al....como eu gosto do Al... do hospital, depois do acidente de moto, que comecei a me sentir estranho. Tenho uma sensação constante de tontura, não consigo focar o olhar muito bem, e uma pressão esquisitíssima na cabeça. Pra falar a verdade já achei que estava batendo as botas, mas como já se passou um bom tempo, não acho que seja a curto prazo, afinal, todos os meus exames dão sempre ok, ou seja, "tecnicamente" não tenho nada e se tudo der certo só a longo prazo mesmo é que eu desligo. Mas, estou um pouco(!) irritado com tudo isto. Não que eu queira achar algo de errado, mas acho impossível nenhum médico achar nada por outro lado. Já me disseram que é ansiedade...sou ansioso, mas conheço gente muuuuito mais ansiosa do que eu. Bom, vou levando, e já estou pensando em consultar curandeiro e pai-de-santo. Não podia deixar de comentar pois escrevo agora bem tonto, aliás. Gente burra também me dá tontura, e tenho lidado com várias, mas esta tontura esta além do normal.
Hoje li num blog gongo pra fashionistas descompensados (adooooro!) que tem uma modinha "peitinhos de fora" rolando nas buatchs descoladas da moda. Tinha inclusive umas fotos com uns peitchos no mínimo estranhos saindo das camisetas regatas. Me questiono porque os mesmo fashionistas, que aliás conheço vários e adooooro(!), sempre questionam as Barbies que tiram a camisa na noite, sendo que eles próprios já começam a mostrar seus corpos desnudos? Pura dor de cotovelo, tá comprovado. Rarará! Lembrei aliás que meu amigo Lucas perdeu a camisa na The Week no último Sábado, achei engraçadíssimo. Dêem uma olhada no www.tinyurl.com/hcafona que as fotos valem a pena.
De resto, tô tentando dar um jeito na minha vida.
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
sexta-feira, 17 de julho de 2009
Atacaram bolinhas de gude nos travestis. Pois é. Algum vizinho “simpático” fez a política da boa vizinhança, abriu a janela, e tome bolinhas de gude. Claro que as travas se revoltaram. Sim, tem travesti na minha esquina, e não, eles não mexem com ninguém, muito pelo contrário. De vez em quando escuto o papo lá da rua, coisa bem fina, principalmente quando “elas” estão brigando ou alguém não quis pagar. Claro que não sou amigo íntimo de nenhum(a), nunca nem conversei, não por preconceito, simplesmente porque não vem ao caso, mas também não preciso sair brincando de paintball com eles(as). O fato é que tenho alguns vizinhos bem“fofos”, gente boa mesmo. Meu prédio é de gente distinta, mesmo. Senhorinhas com colares de pérolas e coque muito bem feitos, de mãozinhas dadas com seus velhinhos muito bem vestidos, educadíssimos, e coisa e tal. Tem uma galera mais jovem que é descolada, mas sempre tem aquela figura “super” querida de todos... que pelo jeito joga bolinhas nas travestis. Em protesto, vieram até o porteiro e ameaçaram quebrar as duas portas de vidro do prédio e o espelho gigante do hall de entrada. Agora por causa do mala-vizinho corro o risco de correr de travesti, apesar de elas falarem que me acham gostoso quando eu passo(!). já recebi algumas propostas indecentes. Só sei que a presença delas não me incomoda e acho até engraçado, são divertidas. O melhor de morar aqui é subir três quarteirões e passear pela Higienópolis, ou se for pro outro lado tomar uma cerveja na Roosevelt. Gosto de estar no meio das duas coisas, mesmo. Nem tanto na bolha nem tanto na boca. Meu vizinho é que deveria mudar-se pra uma chácara com milhares de metros quadrados e uma casa bem no meio cercado de nada. Algo do tipo “A Morte do Demônio”, aquele clássico do trash dirigido pelo Sam Raimi e que é tudo de bom, mas mala que é mala vai pentelhar até os bichinhos. Um dia ele vem até a área de serviço e diz que alguma coisa está “vibrando” no apartamento52 (?!). Pois não é que no outro recebo a visita da minha avó e o mala-vizinho soca a minha parede por estarmos conversando?! Minha avó é filha de italianos, tudo bem, mas não fica dançando a tarantela no meu quarto. Mal escuto sua voz quando conversamos. Um dia, quando eu voltar a fazer sexo, que pelo que lembre faz barulho, terá que ser com a mão na boca em vez de lugar melhor só pra não importunar a criatura.
Acabei de chegar do Ceagesp. Estava tomando um café no Suplicy agora á noite quando recebi o chamado da minha mãe em mais uma febre de compras. Ela adora comprar coisinhas. Bem oportuno, eu também quero comprar uma árvore pra colocar na varanda integrada do apartamento52 depois da faxineira ter decepado meu bamboo, que eu tanto amava. Achei uma pitangueira linda, e um pé de ameixas também, mas achei melhor pesquisar se eles se adaptam á varandas, o que eu acho que não. Voltei de mãos vazias, mas em compensação comi um cural de milho verde divino.
De resto, estou há duas horas navegando pela onipotente e onipresente internet. Cheguei hoje á conclusão de que ela sim é poderosa, está em todos os lugares e ligada á tudo e á todos ao mesmo tempo.Um bicho tão grande que no final a gente quer mamar o tempo todo pra tentar não perder nada, ter tudo ao mesmo tempo, que nem ela. Falar com todos, ter todos, saber de tudo. Será mesmo que eu quero? E eu achando que com meus prolongamentos todos do post anterior estava virando uma super-hiper-máquina. Pretensão. Acho que ando lendo muito Baudrillard...
quarta-feira, 15 de julho de 2009
Computador é brinquedo de gente grande. É como brincar de Lego, a gente anexa arquivo dentro de arquivo, copia, cola, desfaz tudo. A gente adora trocar papel de parede, o skin do music player, reorganizar os ícones da área de trabalho, pois dependendo do humor a Lixeira fica melhor em cima do Explorer que fica mais legal do lado direito superior da tela, ou não. Adoro abrir pastas e subpastas, por exemplo, divididas por cantor, álbum, gênero, cor da capa, álbum família, férias, trabalho, festa da sobrinha, boate, ensaios fotográficos, e depois inverte tudo. Brincadeira mais legal só da web. Considero meu PC o pão e a web a salsicha, numa comparação nada á ver. A gente conversa, manda arquivo, baixa foto, música, filme, enfeita o PC, escreve blog e tem até perfil virtual. Geralmente quem é gordo vira magro, quem é magro vira atlético, o feio fica bonito, morena vira loira e homem vira mulher, e também vice-versa. De vez em quando a gente vê sacanagem também. É quase como entrar na maioridade e ganhar um carro esportivo ou virar astronauta, tudo junto. Eu brincava de cabana e hoje brinco de PC.
Certa vez me lembro de ter machucado o nariz. Usava óculos desde pequeno e hoje não preciso mais. Aquela armação maldita pesava mais do que devia, era azul e tinha a cara do Pato Donald grudada nas laterais. Eu ficava revoltado de ter que usá-lo, não pelo Pato Donald, mas não considerava aquilo como parte do meu corpo, me importunava, além da vergonha que passava na escola, claro. Até que ele parou de me machucar. Até comecei a gostar dele, incorporei total o visual e me sentia pelado sem óculos. Me questiono até que ponto eu sou eu, quais são meus limites? Nasci com cabeça, tronco e membros, graças. Mas ao longo do tempo fui acoplando, as fraldas, as roupas, os óculos, a obituração do dente de leite, que aliás também saiu e deu lugar pra um novo, a mochila pra levar peso e muitos e muitos dados do meu CPU, HD interno, externo, que não recordaria normalmente e nem reproduziria com exatidão. E fui aperfeiçando também! Cortei infinitas vezes o cabelo, aparei a barba, fiz meus músculos crescer, a gordura diminuir, treinei a voz pro teatro, aprendi a escrever, e só escrevo com a ajuda de uma caneta, um teclado, ou um pedaço de carvão.
Será que este computador também sou eu?!
terça-feira, 14 de julho de 2009
Durante o almoço até tirei um cochilo. Alguém abriu a porta de nossa “sala despressurizadora” e quase me arrancou o pé. Não sou alto, tenho um metro e setenta e quatro, mas meus pés sempre ficam pra fora do sofá e levam várias porradas durante o cochilo. Talvez seja de propósito, é possível que estivesse roncando. Fiz uma cabaninha de almofadas de estampa indiana na minha cabeça e esqueci do mundo, nem pensei em levantar pra xingar. Mas também não iriam levar a sério, o povo daqui adora minhas micagens e provavelmente ririam do meu ataque.
Devo ter entrado no período de hibernação apesar de não ser urso, em nenhum dos sentidos. Dormi muito de Sexta pra Sábado também. Na Sexta, e no Sábado, tentei continuar pela nona vez o filme francês chamado “A Questão Humana”. Sempre durmo na mesma parte, e não que o filme seja chato. Um pouco pretensioso talvez, mas eu gosto. Pra mim, já virou um seriado e vou assistir em uns quinze capítulos. Sempre durmo na parte em que toda a tchurma da empresa vai pra uma rave, o chefe e seus subordinados, e eles “dançam” a noite inteira de maneira dionisíaca, até acordarem sujos e jogados, deitados no chão quase sem roupas e com uma ressaca danada. A cena é estranha, porque contrasta com todo o filme que até então se passa dentro de uma empresa em um clima extremamente formal, e porque “dançar”, desculpas ao meu grande amigo Charles, não é a praia dos franceses, pelo menos da maior parte deles, com exceção dele mesmo que requebra horrores comigo todo fim de semanam e tem um ziriguidum danado.
Sábado choveu da hora que acordei até a noite. Colocava a cabeça pra fora da janela e naquela garoa fina e fria, academia nem pensar. Como o filminho francês estava de rosca, assisti “Brown Bunny”, que é pesado mas tem uma das cenas mais bonitas que já vi, totalmente sem fala. Quando o tempo deu uma brecha me agasalhei com mil blusas e fui até o Al...ai...o Al....aiaiai...o Al....e passei algumas horas lá. Á noite, combinei de comer pizza na casa de uns amigos e, depois de vestido, arranquei tudo na porta de saída e dei meia volta. Não tinha ânimo o suficiente. Desisti da The Week e comi três sanduíches de mortadela, pipoca, e refrigerante. Trash, mas uma delícia. Assisti Os Normais e dormi no sofá.
Continuo o post já na Terça, ontém fui interrompido tantas vezes por uma mala sem alça que não consegui continuar.
A semana começa mais triste e vazia. A morte da Pina Bausch me deixou transtornado. Quando li a notícia um silêncio se fez, o mundo deve ter ficado mais silencioso mesmo, menos interessante. Culpa dela mesma, que nos encantou tanto tempo com seus movimentos tão intensos e agora vai embora assim.
A vida é uma sacanagem.
terça-feira, 7 de julho de 2009
Nada como uma noite que deu certo e na companhia do Al...ai...o Al....aiaiai...o Al... Nem pra academia eu fui, e olha que pra isto me disciplino. Voltei pra casa mais ou menos vinte pra meia noite e dormi bem, até o meu súbito despertar das quatro da manhã.
Estava frio quando fui pro escritório, o céu aberto, azulzinho azulzinho. Fui ouvindo "Finally made me happy" da Macy Gray que de tão boa não sai da minha cabeça mais e foi a trilha de hoje. Tudo perfeito e sem pombas. Confesso que estava com um pouco de medo. Quando tudo está perfeito demais soa um pouco bizarro. Andei todo o trajeto tomando todo o cuidado pra que tudo ficasse como estava e não esbarrasse em nadinha. Sorri pra todo mundo e olhei pra não pisar na merda. Lindo, elevador me esperando, cheguei direto ao décimo terceiro andar e louco pra conversar. Nada da carioca, minha amiga e colega de trabalho com quem tenho altas conversas de cunho filosófico-existencialista, financeiro, e sobre a existência de Deus. Já tinha escutado toda novidade da viagem á Boston da qual ela havia chegado no dia anterior, agora era minha vez de falar e dela escutar, o que exige um esforço considerável da sua parte. A fofa, como seu marido a chama, entrou em quarentena. Não sei qual a conta, mas o médico disse ser de noventa e oito porcento(!) a chance de ser a tal da gripe que o nome não se pronuncia. Sabia que tinha alguma merda.
Como tenho uma certa tendência a psicossomatizar, fiquei o dia inteiro com o corpo mole. Já me imaginei trancado no apartamento52, um agente federal vestido de astronauta lacrando minha porta e alertando a população sobre os perigos da minha existência. Entrando em casa, meus pais jogados no sofá assistiam ao show-velório do Michael Jackson e esperavam pra uma visitinha surpresa. Corri pro quarto, tinha que protegê-los. Peguei uma super cueca azul e botei na cara. Não consigo pensar em nada mais que tenha elástico e tamanho suficiente pra cobrir uma boca e nariz assim tão rápido. Óbvio que não era nenhuma sunga fio-dental, portanto servia. Expliquei tudo bem de longe, eles riram. Ninguém me leva a sério mesmo.
sexta-feira, 3 de julho de 2009
Mas a sessão teve coisas mais interessantes do que o filme, pra mim foi mais engraçado ver o Danilo escorregando os degraus do cinema, e poder comer toda a pipoca com pimenta da Cicera, mesmo correndo o risco de contrair a gripe suína que a amiga da amiga da amiga da amiga da amiga da amiga da amiga da amiga da amiga dela contraiu. Ela não teve nenhum contato com a fulana desde então, mas vá saber. Aliás a fofa a convidou para uma visita durante a quarentena, ela ficaria no quarto e a Cícera na sala, batendo papo. Mulheres tem que falar e falar, nem que seja com a parede. Recomendei que não fosse, além do mais com viagem marcada pra lugares “exóticos” nos próximos dias. Não acho que estão muito preparados pra lidar com a gripe do porco por lá. Acho que ela não gostou do meu dedo intrometido e me perguntou se estava fazendo algum tratamento quimioterápico pois estou sem barba e cabelo e num tom um tanto quanto sarcástico. Não gostei. Esperava no mínimo um elogio pela simplicidade da minha beleza “monstruosa” sem os artifícios da barba e cabelo, mas como todo casal ela nem prestou atenção aos resultados pós cabeleireiro (eu mesmo). Não é á toa que nossa relação sem sexo está fadada á continuar com a falta dele. Me recuso levá-la ao êxtase.
O pior é nem poder mais reclamar de nada disto com minha terapeuta. Fiquei sem dinheiro, nada de terapia. É, o mundo é assim mesmo babe. Ela até tentou um esquema qualquer de compensação por uns três meses somente, mas a tal instituição da qual faz parte negou, e ainda questionou porque eu posso pagar uma academia e não a terapia. Primeiro, não se questiona este tipo de coisa, minha academia é meu lugar de convívio social diário e me traz saúde, física e psicológica. Segundo, enquanto instituição, que geralmente recebe dinheiro tanto do governo quanto de empresa privada, á mim soa indecente a recusa de se fazer algum tipo de acordo sendo que pago tudo que devo desde que comecei, e nem pedi nada de graça. Afinal se alguém tem como me ajudar e pegar um pouco mais leve vai ser a tal “instituição”, e não a academia. Disse pra ela que tudo que se refere á nossa sociedade é sempre assim, considera-se apenas os absolutos extremos, oito ou oitenta, e você só é considerado se tem muito ou se está na favela bebendo água com açúcar pra sobreviver e não tem nada, o meio termo não existe. Coisas de esquemas burros. E por último e não sem menos importância, como é que vou manter este corpinho?!
Hoje, dia nublado, mas um nublado gostoso. Parou de chover. Uma pomba maldita cagou no meu ombro a caminho do escritório, a cinco minutos de casa, e atrasado como sempre não pude voltar e estou vestido só com uma blusa fina de frio. Tentei desviar de um aglomerado de pombas loucas por um pedaço de pão na calçada que alguma senhorinha maldita jogou, mas tinha a estrategista rebelde esperando no fio de alta tensão só esperando um humano passar pra cagar. Só senti um montinho bater no meu ombro, o peso de uma uva caindo, e sorte que não espirrou na minha cara.
Aqui, no escritório, acabei de imitar a Susan Boyle, uma das minhas imitações mais solicitadas. Agora vou voltar a trabalhar e fazer algo de útil.
terça-feira, 30 de junho de 2009
Já percebi que boa parte da minha é conduzida por ritmos eletrônicos, Peter Rauhofer, a maioria das vezes. Meus passos seguem os beats da música, estou sempre com pressa, ritmado. Tenho que tomar cuidado pra não virar máquina. De acordo com meu professor de interpretação fui muito tempo moldado pelo mundo capitalista e corporativista, sou duro. É que eu gosto de um pouquinho de conforto.
Tudo isto me veio á cabeça porque viciei na trilha sonora do Shelter, traduzido como “De repente, Califórnia”, que nem assisti mas já baixei a trilha. O 4Shared é minha vida. Estava bêbado quando escutei a primeira vez, no último Sábado. Saímos do esquenta na casa de um amigo na Bela Cintra, bêbados, quando vimos os carros da polícia militar estacionados em frente aos nossos, alguns fofos encostados nos nossos carros e outros parando todo mundo que passava e fazendo o teste do bafo.. Nós, de copos em riste, falando mole, ficamos ali, na esperança de que fossem embora, o que não aconteceu. Pegamos um táxi na ida e outro na volta da festa, quando pegamos os carros de volta. Fomos tomar café na madrugada. Meus amigos falavam derretidos sobre o filme e colocaram a trilha pra tocar. Muito boa. Romântica e nada piegas, o que me leva a acreditar que o filme deve se passar em San Diego, por exemplo, e não em L.A. Não sou o maior dos românticos, mas senti sim, um friozinho gostoso na barriga, algo que parece com um choro preso dentro do estômago (falei que não sou romântico), uma sensação que se confunde com uma tristezinha, leve porém intensa. É o que se sente quando se está apaixonado, que vira amor, que vira dor. Ou talvez quando se está ainda com resquícios de álcool no sangue, a gente fica mais mole mesmo. O gostoso é sentir tudo isto junto, apaixonado ou bêbado. Não tinha gostado da cara dos atores, achei que não tinham uma carinha muito boa, até consultar Deus-Google-Images e mudar de opinião. Os caras são bons. Bem bons. Quero muito assistir.
Ainda no Sábado, meu banheiro, nove da noite, sem roupa e olhando pro espelho, peguei a máquina e tosei meu cabelo, máquina um dos lados, dois em cima. O Al....aiaiai...o Al....ai...o Al....que estava na sala me esperando veio até mim pra fazer o pézinho, a parte de trás, apesar do jogo de espelhos que montei pra ter visão completa do negócio. Nada mais libertador do que raspar a cabeça, inteira, sem dó. É orgásmico todo aquele cabelo caindo, em tufos, deixando o ar entrar, a cabeça ventilada. No começo, na verdade, raspei somente dos lados. Olhei, olhei, e cheguei á conclusão de que estava muito estranho aquele quase moicano, nada libertador deixar aquele resquício de pêlos agarrados á minha cabeça e preferi a sensação de mandar tudo pro espaço. Raspei tudo, de uma maneira ansiosa, feliz, voraz. Foi quase uma festa, uma orgia em meio a cabeleira caída. A trilha seria a nona sinfonia de Beethoven. E gostei do que vi. Acho que ficou a minha cara. Prático, limpo, objetivo, sem cabelo não tem meio termo, é assim e pronto. Certas coisas são melhores sem nuances.
De hoje em diante minha cabeça estará sempre raspada, por um bom tempo.
terça-feira, 23 de junho de 2009
Tenho vários ingressos de teatro comprados há várias e várias semanas, época em que achava estar em tempo de vacas gordas. Hoje, fui assistir A Alma Imoral. Gostei muito. Fui com o Danilo, retirei nossos ingressos na hora. Um deles era pro leãozinho. Pena não estar presente. Hoje no hospital nem mencionei que iria ao teatro para não deixá-lo deprimido. Convidei minha amiga Cícera já faz uns dias para então tomar seu lugar. Como sempre, atrasada. Não por ser desorganizada, muito pelo contrário, atrasou porque seu aluno de personal estava um pouco mais "lento" hoje. Ele até chegou a perguntar se ela tinha compromisso, mas como todo bom profissional, e caxias, disse que não. Saiu correndo faltando vinte minutos pra peça, não deu tempo, é claro. Vendi o ingresso na última hora para um sortudo da lista de espera que, apesar de ganhar um ingresso na primeira fila de cara com a atriz, quase um beijo de esquimó, não deu nem um sorriso de agradecimento. Pelo menos a atriz além de boa era engraçada. Falou muito sobre o que é bom versus o que é certo. Eu acho que prefiro o que é bom, na maioria das vezes, o que não é necessariamente o mais certo, mas afinal, qual o intuito de se fazer tudo certo sempre?
Constatações: 1) Preciso cortar o cabelo. 2) Fico estranho sem barba. 3) Preciso de mais um emprego. Quero trabalhar á noite. A grana é bem vinda e ainda posso mudar um pouco de ares. Quem sabe algum lugar bem transado e hypado pra juntar o útil ao agradável?
Hora de botar o pijaminha e tentar dormir um pouco.
segunda-feira, 22 de junho de 2009
Três da madrugada e estava plantado encarando meu monitor. Sono, nenhum. Dormi das dezessete ás vinte horas do Domingo tentando assistir A Troca com a Angelina Jolie. Levantei, peguei a máquina e tchau pêlos. Agora, pele de bebê, independente dos vincos que já me marcam. Paro em frente ao espelho rachado do banheiro e me olho durante uns três minutos. Quem sou eu agora?
Talvez meu ímpeto de extermínio das estruturas capilares deveu-se ao fato de no mesmo dia, á tarde, ter ido visitar o A....aiaiai o Al...ai o Al....(como já disse ele não quer seu nome por aí...) no hospital. Entrei, o quarto em silêncio, televisão desligada, a outra cama vazia, colchão sem lençol. Ele estava de pé, alongando-se com a ajuda da estrutura alta da cama. Eu estava ansioso por abraçá-lo, mas me enrosquei em minha falta de logística para colocar um avental, luvas, tirar a mochila, lavar as mãos, antes de chegar até ele, e certamente não nesta ordem. Eu estava com minha máquina de cortar cabelo, com a qual aparo minha barba semanalmente. Ás vezes me arrisco a fazer o pé do meu próprio cabelo com dois espelhos, um de frente pro outro, o que exige um controle á mais dos meus gestos. Tudo feito ao contrário do normal, do avesso.
Quando nosso amigo Beto entrou no quarto, também enroscado no avental, já estava ele sentado de frente ao espelho do banheiro, arrancado da parede e agora em suas mãos e apoiado no seu colo, e eu, dando uma de cabeleireiro, ou barbeiro, passando a máquina dois por toda sua cabeça. Fiquei com medo, travei no início. O que menos se precisa quando se está internado é uma auto-estima diminuída por um cabelo cheio de buracos. Achei de extrema importância caprichar. De acordo com o Beto a cena foi bem bonita. Ficou tocado com o que um simples procedimento ás vezes demonstra. Apesar da nossa discussão de como se devia fazer, como não deixar buracos, ou como eu era lerdo ou como sou atrapalhado há de se concordar que há de haver confiança em se entregar, ou somente o seu cabelo, á alguém. Por trás dos gênios envolvidos, são em cenas como esta que se percebe a sutileza de alguns sentimentos.
Hoje, Segunda, saí mais cedo do trabalho. Decidi visitá-lo novamente, desta vez sem avisar. Corri como um louco e cheguei faltando meia hora pra encerrar o horário de visitas. Percorri rapidamente os corredores imensos e cheios de quartos, lavei as mãos, tirei a mochila, coloquei o avental e as luvas, desta vez na ordem certa. Cheguei, ele cochilava, descoberto, os livros de Direito abertos ao lado da cama em cima da mesa, todo encolhido. Fiquei olhando por alguns segundos. Algo me toca quando vejo um homem de vinte e nove anos voltar a ser bebê. E como em transmissão de pensamento ele abriu os olhos, olhou, e sorriu. Conversamos, um monte. Passou o horário de ir embora e nenhuma enfermeira chefe alemã veio encher o saco. Conversamos sobre algumas viagens, sobre a multa que levei por alta velocidade em Nevada. Sim, ele acha que eu deveria ter fugido dos policiais e entrar com o carro no meio do deserto, acredite. Conversamos sobre nossa falta de atenção em frente ao portão do tão esperado vôo para o Hawaii, que foi embora e nos deixou! Eu, como sempre, culpado. Rimos muito. Ele é uma festa para as enfermeiras, todas o adoram e além de darem showzinhos de dança e contarem piadinhas ainda pedem consulta jurídica. Uma porque quer se divorciar, outra porque acha que não recebe adequadamente do hospital, enquanto ele tenta convencê-las de que são muito sortudas dele estar lá e de que não há paciente mais agradável que ele. A vida é assim, um sempre acaba ajudando o outro no que pode, e uns com um dom especial de transformar ansiedade e espera em risos. É engraçado, e fascinante.
Tenho andado tanto estes dias que meus pés estão abertos, rachados. Não consigo andar de tanta dor. Acabo jogando o peso na parte lateral externa dos pés, andando com os joelhos um pouco abertos, como que juntando o rebanho, como diz minha amiga Rosana ou Jo Ross (nome artístico dentro da empresa), que não pára de ficar grávida. Eu já acho que fico parecendo a menina do Exorcista e só falta sair andando de quatro, virado ao contrário e vomitando verde.
Hoje malhei rápido no fim da longa tarde, e a bike, que gosto tanto, ah...que fique pra amanhã. Sem energia. Só pensava em comer. Como estou comendo, meu Deus. Acabei com um pote de Nutella Sábado á noite, quase vomitei no Domingo de manhã com tanta gordura no fígado, dor de cabeça o dia inteiro, até hoje á tarde quando decidi tomar um remédio. Todos pensando que eu estava de ressaca e que fui pra esbórnia, mas meu único pegado foi o da gula.
Amanhã, o tão esperado dia pra assistir A Alma Imoral. Dois ingressos comprados há mais de um mês. Um para mim,o outro para o leãozinho. Mas tudo bem, não se pode ter tudo na vida. Aliás, falando em teatro, no Sábado assisti Turismo Infinito, baseado em poemas de Fernando Pessoa e seus heteronômios, interpretados por um grupo FANTÁSTICO português. Tenho que confessar que, apesar da interpretação absurdamente boa e da beleza estética de todo o espetáculo, ás vezes não me continha e não conseguia abstrair aquele sotaque. Meigo, bonitinho que dói, mas muitas vezes tão engraçado! Antes do espetáculo, do lado de fora do teatro, um grupo de dança contemporânea fazia um show de improvisação. Minha vontade era de tirar a roupa e me enfiar no meio do grupo, pois a música convidava e Dionísio também, só faltou um empurrãozinho de Baco e uma taça de vinho. Quando adentramos o espaço logo veio uma bonita menina loira e franzina em nossa direção, correndo, batendo suas “asas” que nem passarinho. Passou por nós dois, eu e Cícera, fez um biquinho como se fosse dar um piozinho, e saiu pela rua “voando”. Mais tarde, ao fim da apresentação, descobrimos que era a chefe do grupo. As crianças...ah! As crianças! Que facilidade elas tem pra fazer o que querem. Pois não é que um menino de uns cinco anos entrou no meio do povo e dançou, dançou, e dançou livremente até o fim do espetáculo?!
Vou aproveitar que ainda é antes da meia-noite e já estou de pijama azul. Vou tentar a incrível façanha de dormir antes do relógio virar os seus quatro zeros.
quarta-feira, 17 de junho de 2009
Não exagero nos gastos. Como todo solteiro, almoço e janto fora, alugo meus filmes, pago minha internet e pago meus cafés. De vez em quando uma loucura aqui outra ali, umas roupinhas, uns livrinhos. Balada não pago. Mas a Divina Providência aparentemente não acha certo. Eu acho sacanagem.
Travei os dentes quando li aquele papel amarelo maldito do caixa chamado extrato bancário. Congelei. Meus olhos giravam redemoinho verde-limão com cor-de-rosa. Liguei que nem um louco pro banco, pra TV a cabo, pra internet, pro cartão de crédito, pra minha psicóloga. Cancelei tudo. Me arrependi, reativei tudo. Deitei na cama e me enrolei no edredon, três e meia da tarde. Não conseguia me mexer e os olhos perdidos no céu nublado do centro. Academia, precisava ir para a academia. Comecei a chorar no meio do caminho, cheguei e meus professores me olhavam de longe com medo. Malhei um bíceps bem mal feito.
Pelas projeções, se eu cortar tudo, sim, tudo, até o fim do ano posso pensar em sair pra tomar um café. Comida, só em casa. Mas me recuso á cortar a web, ah não, isto já é cortar as mãos e os pés ao mesmo tempo. Acho que a vidinha não vai ser mais tão cool.
- Alô? A__?ai...A___....aiaiai o Al___....( ele não quer mais seu nome divulgado)
-Fala.
-Não consegui aquela grana, na verdade, tô fodido.
-Eu sempre te aviso e você não me esc... &#@($(@!#$&@#$&¨@&#*¨$&*¨*&#@$!
-Mas espera aí! Que monte de gente é esta falando atrás de você?!
-Quem você acha?
-Ah sei lá...já almoçou? Tem almoço aí ?
-Aqui tem de tudo, carne branca, carne vermelha, suquinho....
-Peraí....onde você está?
-No hospital, internado de novo....
Foi assim que, na mesma tarde de ontém, enrolado no edredon e com o telefone sem fio em mãos, descobri que o A___ai o A___aiaiai o A___, chamado por meu amigo Danilo de "leãozinho" por causa do signo, estava de volta ao hospital ainda por causas do acidente do ano passado. Fiquei mais triste ainda.
A vida é complexa. Em alguns momentos é com se eu fosse testado, mas pensando bem á respeito concluo que as coisas são porque simplesmente são, sem nenhuma teoria de conspiração ou maiores significados. Claro que podemos tirar lições. Aliás, da maior parte delas, mas não venha me dizer que tem alguém barbudo jogando o Jogo da Vida lá em cima e dizendo "Ah, agora vou jogar os dados e andar três casinhas com o Rodrigo, voltar duas pra ele aprender a andar direitinho, e na quarta casinha ele vai encontrar fulano de tal que andou duas casinhas e na quinta casinha eles vai ficar ricos e viver felizes para sempre até a septagésima casinha do tabuleiro", porque não, não faz sentido, e se houvesse algum barbudo olhando pra cá ele teria mais o que fazer do que prestar atenção nas nossas casinhas. Cheguei a pensar se não estaria sofrendo porque fiz trinta e três anos, aliás jurava que morreria aos trinta e três, mas meu lado racional que é bem mais troglodita que o franzino religioso que há dentro de mim logo passou uma rasteira no meu complexo de Jesus. Não, fala sério, quem nunca achou que fosse morrer aos trinta e três?!
Andei conversando com meus pais á respeito de minha crise financeira. Cheguei da terapia agora á noite (que não vai ser mais cobrada!), estavam meus pais e minha avózinha aqui no apartamento52 (eles têm a chave) com panelas de comida quentinha pra eu comer durante a semana. Fofos. Já dei tudo que comprei no mercado na mão deles, vamos combinar que o tempero é bem melhor. Vão me trazer tudo feitinho. Fofos.
Pijaminha marrom colocado, vou ler Simone de Beauvoir, que fala tanto de seu "menino" Sartre, que me indentifico totalmente. Minhas relações sempre foram paternalistas, até com os namorados mais velhos. Vou ler até pegar no sono.
terça-feira, 9 de junho de 2009
Agora á noite dei minha TV do quarto de presente, um monstro de enorme. Arrumei a escrivaninha, joguei pápéis fora, guardei livros não terminados (não o de Beauvior!), e lavei a louça...bom...mais ou menos...quem lavou foi minha mãe, que veio me visitar e fez um lanchinho básico pra gente. Pra mim sobraram somente alguns copos. Agora á pouco meu lado teen aflorou e assisti ao primeiro capítulo do True Blood, sobre os tais vampiros super hyper sexys. E são mesmo, caramba., apesar da cara de defunto.
Ai, ai! Minha escrivaninha me deixa feliz assim tão limpinha. Como que demarcando espaço estou sentado com um pé em cima dela e outro bem esticado pra cima da cama. Preciso de espaço.
Amanhã, Quarta-com-cara-de-Sexta. Não trabalho na Sexta, a real, vendi a alma ao diabo. Pago no Sábado da outra semana. Vale a pena, quero fazer render e já aluguei três filminhos interessantes além da série. Não baixo as séries da web, prefiro ver na telona da sala. Hoje vou dormir de cortinas abertas, quero acordar com a luz do sol na cara, mesmo que durme menos do que gosto. Quero aproveitar a Quarta-com-cara-de-Sexta antes de ir trabalhar, quem sabe pedalar. de resto, duas festinhas no fim de semana que prometem bom som, apesar da preguiça porque vai estar muuuuito lotado.
Well, vou tentar dormir porque o tal do Sol aparece em quatro horas....
segunda-feira, 25 de maio de 2009
Eu, sem a parte de cima
Resolvi dar um basta e dei play na trilha sonora do Central do Brasil, incrível, aliás, uma das minhas drogas alternativas preferidas. Me leva pra algum outro lugar, de repente meu quarto se transforma e passo a olhar tudo de um jeito diferente, olho pro teto, olho pra parede, olho pras cortinas e pra luz acesa do corredor. É um tal de olha pra lá e pra cá que começo a viajar. Sim, luz acesa porque de uns dois meses pra cá tenho tido medo do bicho papão ou algo que queira parecer com ele e me assustar.
São duas e meia da manhã agora. Resolvi levantar. Estava pensando em algo que me trouxe uma percepção tão louca que preciso compartilhar. Me imaginei de repente dentro de um carro antigo, daqueles conversíveis grandes da primeira geração, tempos passados. Em cena, eu, menino, de uns seis ou sete anos de idade. Ao meu lado, todas as pessoas que conheço, o Alex...ai o Alex...aiaiai o Alex.... meus amigos, minha mãe, meus colegas de trabalho, colegas de academia, minhas chefes, todas as pessoas. Todos tinham a mesma idade, os meninos com seus chapéuzinhos e suspensórios, as meninas de tranças, cachos e vestidinhos. Não sei porque, mas fiquei emocionado. Imagine todos nós, crianças, todos ao mesmo tempo. Os olhares eram diferentes, os sorrisos também. Ou mesmo o simples olhar era muito curioso. De repente me pareceu tudo tão mais claro e simples. O único adulto era alguém que dirigia o carro, algum coitado que ficou com toda a responsabilidade. Quero deixar claro que a única droga alternativa foi o CD do Central do Brasil...
Segunda á noite foi tranquila. Ganhei uma noite na semana pra simplesmente ir á academia, pedalar, não me preocupar com horário. Até achei que fosse chegar em casa e assistir filmes, ler meus livros, mas acho que exagerei. Saí do trabalho e para o meu bem, e mal dele, meu colega de cena estava gripado. Estimo as melhoras, mas que foi conveniente foi, desde ontém ando meio deprê e a cena iria virar um dramalhão mexicano só.
Agora, estou escutando FM que aliás já está me irritando. Estou de pijaminha marrom, vi agora que a blusa está do avesso. Sim, gosto de pijamas. Não, não tô nem aí. Geralmente uso só os shorts mas hoje estou um pouco carente e preciso da blusa pra dar uma esquentada. E só pra constar não, eu não estou me explicando.
Vou chutar o rádio e voltar á abraçar meu edredon.
domingo, 24 de maio de 2009
Acabei de voltar da The Week, achei que com vodka expurgaria a merda que foi meu Sábado. Malhação de manhã (uhuuuuu!) foi ok... almoço no Sax (uhuuuuu!) ok... minha cena apresentada á tarde, não tão ok, chegar no teatro e descobrir que a peça da Fernanda Montenegro começou ás vinte horas e não ás vinte uma! Caracaaaaaaaaaaaaas! Não acredito que os caras colocaram a peça ás Sextas ás vinte e uma horas e aos Sábados ás vinte e nem dão um toque! Vamos combinar que as peças em São Paulo, tirando as cenas do Antunes ás dezoito, e as peças dos Satyros á meia-noite, são TODAS ás vinte e uma horas no Sábado. Sacanagem. Minha contagem regressiva para a peça terminou por água abaixo. Chegaram várias pessoas e deram com a cara na porta também. Banho de água fria. Voltamos eu e todos os meus amigos pro apartamento52, frustrados. Mais surreal foi o mendigo me xingando revoltado porque de acordo com ele, que escutava minhas reclamações descendo a rua, disse que eu nunca poderia usar a palavra "podia" que ela não existe, e que o certo era que o teatro "poderia" ter avisado o horário com mais ênfase. Me perguntou onde eu li que "poderia" usar "podia" ! Sinceramente não sei e tô cagando e andando se eu "podia" ou "poderia" ter usado a merda da palavra. Entramos em casa, Monnik deitou no sofá toda vestida e dormiu, Danilo vidrou na TV, eu e Cícera comemos TRÊS pacotes de Passatempo cobertos de chocolate. Combinamos que se alguém perguntasse da peça ela teria sido ÓTIMA! Alex....ai Alex... aiaiai Alex...voltou pra casa, já estava emburrado comigo e a única reação quando chegou e viu que perdemos a peça foi um "humpf!", virou as costas e foi embora. Foi quase um suicídio social, sorte que ninguém olhou o horário certo, não fui só eu, e graças á Deus, se é que ele tomou algum partido nisto ou se ele existe, comprei ingressos pra vê-la no último dia de apresentação. Somente eu e Alex...ai Alex...
Hoje no teatro discutimos sobre a sociedade pós-moderna e Gore Vidal. Fiquei triste. Não se faz mais nada como antigamente mesmo.
Estou sentado de cueca finalizando aqui o meu dia. Espero que amanhã seja melhor. Ah! O meu cabelo já está melhor, apesar de agora estar cheirando os quatro trilhões de cigarros fumados esta noite na The Week, mas não pareço mais uma bola de pêlos.
domingo, 17 de maio de 2009
Faz quatro dias que não malho. O Zé abandonou seu posto de colega de malhação, péssimo. Me senti traído, por ele e aquele chinezinho come-quieto meu amigo que roubou ele pra sua academia, que aliás parece uma boutique iluminada com luzes azuis indiretas. Humpf! Eu gosto é de graxa no dumbell, bermuda e camiseta velha pra malhar.
Sexta trabalhei como um cão, saí ás seis do escritório e em dez minutos estava em casa. Banho e dois sanduíches depois, botei minha calça preferida e fui encontrar o Alex....ah....o Alex....aiaiai o Alex... Bilhetes comprados há duas semanas pra assistir á duas cenas do excelente Sérgio Brito no Sesc Santana. O primeiro deles, sobre um determinado senhor Krapp que no final de sua vida resolve escutar á algumas de suas gravações, diários em áudio, feitas ao longo da vida. Me imaginar com oitenta anos, escutar amanhã a minha voz de hoje e todas as minhas ansiedades e vontades dos trinta é muito instigante. Imagine ler o meu próprio blog daqui á cinqüenta anos! O que seria eu daqui tanto tempo? A segunda parte era um ato sem palavras, ações claras de um ser humano na nossa condição básica da busca. Sinceramente foi a que gostei mais. Chegamos cedo ao teatro, jantamos strogonoff, bebemos um pouco de vinho depois da peça. Cocktail caprichado. Frio de rachar, a temperatura deve ter caído uns dez graus em poucas horas. Meu celular toca, digo que não posso falar. Pronto. Noite perfeita quase foi por água abaixo.
Sábado ia acordar cedo, malhar, correr, ensaiar, comer bem antes do teatro. Acordei uma e vinte da tarde pra encontrar com o grupo ás duas. Seis ligações do meu parceiro de cena perdidas. Banho de cinco minutos, mandei meu pão integral light sem casca (odeio casca) pra dentro, uma fatia de queijo, cheguei atrasado. Discutimos muita teoria, sobre o devir, sobre a não totalidade das coisas. Sobre tudo que podemos acessar enquanto atores. Nosso trabalho de voz foi árduo, engraçado. Parecíamos todos umas araras fazendo careta. Noite de cervejas nos Satyros, jantar no Lee Lau, o chinezinho maldito, que saiu de sua própria casa á francesa enquanto ficamos eu, Danilo e Júnior conversando sobre Fernando Pessoa, samba de raiz, Elza Soares até as quatro da manhã. Nada de The Week, ingressos para as festas de Junho só a semana que vem, mais caros provavelmente.
Hoje, Domingo, almoço no Chopp Escuro com Danilo e Alex....aiaiai o Alex. Não canso de comer aquela parmegianna que desmancha na boca.
Eu e Danilo fomos tomar café no pátio do colégio, estava lá o Mojica, mais conhecido como Zé do Caixão. Vimos uma exposição de fotos no Centro Cultural da Caixa, e uma sobre contos de fada no CCBB. Paredes pintadas de rosa, lustres de cristais coloridos, desenhos de artistas incríveis retratando chapeuzinho vermelho e o lobo mau. Um espelho gigante que distorcia tudo foi o melhor de tudo, o Danilo adorou se ver com barriga negativa que nem a Gisele Bundchen enquanto o segurança e a educadora nos olhavam com ar de desprezo. Fingi que não conhecia.
Terminei minha noite com a visita de amigos que adoro, brownie e Coca-Cola. Comemos alfajores que nosso querido Ge trouxe de sua última viagem á Buenos Aires. Deu uma fisgada no estômago, além do mais porque havíamos acabado de assistir ao vídeo-montagem de nosso último Carnaval juntos em Floripa, eu ele e Emílio pulando que nem loucos na última festa. De repente ele estava aqui conosco de novo. Aliás, quando estivermos juntos ele sempre vai estar também, nosso eterno “vermento”.
Quando saíram assisti ao DVD da última entrevista da Clarice Lispector na Cultura, em mil novecentos e setenta e sete, aliás, uma de suas únicas entrevistas.
Pra quem quer conhecer alma de artista.